quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Descubra qual é a habilidade do seu filho e saiba como estimulá-la

Novo livro mostra como os talentos naturais são a chave para o bom desenvolvimento das crianças – e para a felicidade delas

Quantas vezes você já disse para o seu filho: “Eu sei o que é melhor para você”. Ou: “Faço isso para o seu bem”. Parece clichê, mas nenhum pai ou mãe passa incólume por esses pensamentos, e segue fazendo tudo o que está ao alcance (e até fora dele) para que a prole tenha sucesso. Por exemplo: quem nunca tentou colocar a criança em uma atividade de seu próprio interesse, mas que ela mesma nem gosta tanto assim? E com que frequência você acabada ajudando o seu filho em alguma tarefa que ele não sabe fazer tão bem? 
Apesar de habituais, tais condutas vão na contramão do que a norte-americana Mary Reckmeyer, especialista em psicologia educacional, defende em suas pesquisas sobre desenvolvimento infantil. Ela lançou recentemente nos Estados Unidos o livro Strengths Based Parenting: Developing Your Children’s Innate Talents (Paternidade Baseada nos Pontos Fortes: Desenvolvendo os Talentos Naturais dos Seus Filhos, em tradução livre). Na obra, a autora explica o que pais e professores precisam aprender para o bem do futuro das crianças – por meio da aceitação, apreciação e apoio de seus talentos naturais.
Além de professora pré-escolar e de ensino fundamental, Reckmeyer é diretora executiva no Centro de Desenvolvimento Infantil Donald O. Clifton, em Nebraska (EUA), e tem quatro filhos: Mark, 31 anos, Lauren, 29, Andrew, 25, e Mike, 22. Assim, combinou sua experiência como mãe e educadora para mostrar aos pais a importância de olhar com cuidado para as aptidões das crianças. Confira a entrevista que a autora deu à CRESCER.
Como Strenghts Based Parenting ajuda os pais a se relacionarem com os filhos?
Tanto os pais quanto as crianças devem levar em consideração suas inclinações naturais para certos temas, de modo que isso os ajude a criar vias positivas em suas vidas. A ideia é ressaltar aquilo em que você e seu filho são naturalmente bons em relação ao que vocês consideram ser um ponto fraco e insistem em consertar. Por isso, não se deve pressionar a criança a ser algo que ela não é. É preciso se desvincular da ideia de perfeição e deixá-la ser quem quiser ser.
“É IMPORTANTE QUE AS CRIANÇAS PASSEM POR VÁRIAS EXPERIÊNCIAS, ATÉ QUE ELAS MESMAS dECIDAM O QUE MAIS GOSTAM”
Você fala muito sobre a importância de valorizar as habilidades naturais das crianças. Como é possível que os pais se concentrem nisso, mas sem deixar de lado os pontos fracos?
Os pais não devem esquecer as próprias fraquezas nem as dos filhos. Mas não precisam desperdiçar a maior parte da energia nisso. As crianças devem aprender matemática e línguas, por exemplo? Claro! Mas todas devem ser excelente em todas as disciplinas? Não. E isso não tem que ser encarado como um problema. Não ser bom em tudo não significa que seu filho tem menos potencial do que outra criança. Apenas significa que ele apresenta talentos e interesses em áreas distintas. Tentar transformar uma fraqueza em talento é um erro, pois você não estará estimulando e diferenciando as coisas em que você é e não é bom. Não ignore as fraquezas, mas entenda quais são elas, de modo que isso ajude a trabalhar em cima dos pontos fortes.

O que você recomendaria para quem tem filhos com interesses muito variados?
Normalmente, os pais desejam que os filhos gostem das mesmas coisas que eles. Contudo, é mais fácil ajudar as crianças a desenvolverem seus próprios interesses e descobrirem no que elas são boas. É importante que passem por várias experiências, tentem coisas novas, mesmo aquelas que são mais desafiadoras. Incentivar os filhos a se tornarem muito bons em algum assunto proporciona a confiança para dizer “eu posso não ser tão bom em matemática, mas com certeza eu sei muito a respeito de dinossauros e astrologia”, por exemplo. E não se frustre se a criança não tiver aptidão para uma atividade pela qual você sempre se interessou. Talvez, ela tenha habilidades para várias outras áreas, mas você deve observar aquelas em que ela põe mais energia e paixão. São essas que a levarão a ter mais confiança em si mesma. Por exemplo, se seu filho se relaciona bem com todos, é interessante que faça atividades envolvendo outras crianças. Se ele é mais introspectivo e não gosta de comentar como foi o dia, sugira uma brincadeira em que possa se expressar. Um teatro na hora do jantar é uma alternativa para que ele demonstre o que está sentindo.
As experiências dos pais podem ajudar nesse processo?
Sim, dividir histórias com os filhos sobre as suas dificuldades e qualidades é uma boa maneira de mostrar que sempre haverá áreas que você se dará bem e outras, nem tanto.
Como o professor pode reforçar os talentos das crianças?
Para aprender, as crianças precisam ter papel ativo na sala de aula e, para isso, os professores devem interagir com elas. Encorajá-las a seguir firme naquilo em que são boas é essencial, além de mostrar que elas valem muito mais do que o resultado de uma prova. Os pais também precisam estar em sintonia com os professores. É um dever se engajar nas atividades escolares e dar suporte sempre que possível.
Qual a principal dica para pais que nunca pensaram a respeito dos pontos fortes do filho e gostariam de começar a trabalhá-los?
O essencial é não esperar uma mudança drástica da noite para o dia. É um processo longo que exige foco e paciência. O objetivo é que seu filho tenha uma vida bem vivida. Lembre-se de se forçar, sempre que preciso, a trabalhar o que é melhor para ele e jogue-se de cabeça nisso. Reconhecer esses talentos o quanto antes e, aos poucos, ajudar seu filho a melhorá-los, fará com que ele alcance a felicidade.
Fonte: Revista Crescer

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