quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Feliz volta às aulas: como tornar o retorno à escola mais tranquilo

O início do ano letivo pode ser carregado de tensão e ansiedade para as famílias. Mas não precisa ser assim. Reunimos sugestões de pais que já venceram algumas barreiras na rotina escolar e que mostram ser possível passar com tranquilidade por todas as fases, desde a adaptação até a mudança de colégio

(Re)começo
É provável que o seu filho fique inseguro nos primeiros dias de aula, não importa se ele está entrando na escola agora ou se vai mudar para uma nova. por isso, cabe a você transmitir confiança e tranquilidade para ajudá-lo a passar por esse período sem drama.
"Meu filho estudou em uma escola do berçário até o pré e tive que mudá-lo no primeiro ano. Antes de começarem as aulas, fomos juntos conhecer as instalações e a professora. Mesmo assim, ele ficou inseguro e dizia que estava com medo. Eu contava a ele que, quando troquei de emprego, também fiquei com receio do novo trabalho, pois não sabia se faria amigos, onde era o banheiro, se teria alguém para almoçar comigo. Minha intenção era que ele se identificasse com a história para saber que é normal se sentir assim e que, com coragem, a gente vence. E foi o que aconteceu. Na segunda semana, ele estava super à vontade. Hoje ama a escola nova, as professoras e os amigos"
Gisele Vilas Boas, mãe de Pedro Henrique, 6 anos
"Quando eles eram pequenos sempre enviava para a escola, nos primeiros dias, objetos familiares, como um cobertor, para que se reconhecessem em um lugar acolhedor"
Daniela Gomes, mãe de Alice, 7 anos, e Samuel, 3
"A adaptação da minha filha não foi fácil. Percebi que ela não queria entrar na escola toda vez que eu a levava. Um dia, pedi para a minha sogra deixá-la e ela ficou superbem. Repetimos o processo por alguns dias até ela se acostumar em se despedir de mim"
Carol Salles, mãe de Luna, 4 anos
ROTINA SEM ESTRESSE
Depois de quase dois meses longe da escola, com horários mais flexíveis, muito tempo para brincar, sem hora para acordar e menos regras, é realmente mais difícil para as crianças se adaptarem à rotina. Com ajustes simples, alguns pais tiram isso de letra.
"Meus filhos não têm problemas com a escola e ficam ansiosos para rever os amigos. Mas, como tirá-los da cama é um sacrifício, antes de as férias acabarem, faço com que durmam mais cedo e acordem cedo também. Voltando aos horários aos poucos, eles ficam menos resistentes"
Priscila Pereira, mãe de João Gabriel, 8 anos, e Maria Beatriz, 4
"Acho que criança precisa ter o sono regradinho, inclusive quando não tem aula. Por isso, deixo, no máximo, ela ir para a cama uma hora mais tarde. Assim, ela não estranha a volta da rotina e mantém a qualidade do sono"
Danielle da Cruz, mãe de Nathália, 7 anos
"Em casa, tentamos acordar mais cedo, pois tem dias que meu filho faz birra, não quer tomar café ou trocar de roupa. Minha esposa também deixa a mochila arrumada e a roupa separada na véspera para não se esquecer de nada"
Breno Peck, pai de Vinicius, 2 anos

REFEIÇÕES EM DIA
Por causa da correria, não é tão fácil encontrar tempo para se dedicar à alimentação da família. Então, como se organizar e tornar as refeições mais fáceis sem perder em sabor e saúde? Organização é a palavra-chave. Veja dicas de quem passa por esse dilema.
"Minha neta mora comigo e, para dar conta de tudo, tento me organizar na cozinha. No fim de semana, limpo as carnes e as deixo temperadas. Faço o feijão, resfrio e congelo. No dia a dia, só cozinho o arroz, monto a salada e preparo o suco"
Rosa Lucia Alves Mainart, avó de Lunnah, 5 anos
"Tenho vários truques. Faço uma lista com o cardápio da semana e vou ao supermercado a cada dez dias para garantir que os itens estejam na despensa. Separo um dia para cortar todos os legumes, coloco em potinhos e congelo. Também faço uma quantidade maior de comida e o que sobrar eu deixo no freezer para servir três ou quatro dias depois"
Vanessa Gabriel, mãe de Mariana, 5 anos, e Catharina, 2
LANCHEIRA MAIS SAUDÁVEL
Sejamos sinceros: elaborar todo dia um lanche diferente, balanceado e atraente não é uma tarefa simples. Além disso, muitas vezes, a criança não gosta ou tem restrições a alguns alimentos. Mas, com organização e alguns cuidados, dá para variar o cardápio e ainda garantir que seu filho coma todos os nutrientes e vitaminas importantes para o desenvolvimento dele.
"Procuro usar a criatividade, apesar de, em alguns dias, não ser nada fácil. Uma coisa que minha filha adora é quando eu mando wrap com cream cheese e cenoura ralada. Corte em pedaços para ficar bem atraente. Outra opção é mandar chuchu e cenoura em formato de macarrão. Ela come sem tempero mesmo, mas pode cozinhar, temperar. Tem que variar"
Anna Molinari Portocarrero, mãe de Maya, 4 anos
"Mando uma fruta, um iogurte com lactobacilos, um lanche ou bolo integral, água ou suco. Às vezes, também coloco na lancheira castanha-do-pará ou pipoca. Elas adoram e comem tudo"
Naiana Mendes, mãe de Maria Valentina, 4 anos, e Catarina, 1
"Com a lancheira do meu filho, faço uma programação semanal, igual ao cardápio de casa. Por exemplo: 1) pera picada + suco de maracujá com manga + batata-doce cozida; 2) uvas + água de coco + muçarela de búfala. 3) pêssego + suco de melão com água de coco + tomates-cereja"
Daniela Leme, mãe de Pedro, 3 anos
DRIBLE SUA ANGÚSTIA
Não são só os filhos que sofrem com o início do ano letivo. há pais que precisam aprender a lidar com a própria ansiedade, insegurança e medo.
"Falava pra mim mesma todos os dias: ‘Você tomou essa decisão porque foi necessária. Ele será bem cuidado, vai se acostumar e gostar’. Fiz esse mantra até me convencer! Às vezes, ainda me pego pensando nisso e repito tudo novamente!"
Tamires Daglio, mãe de André, 1 ano
"No começo, eu levava o meu filho para a escola e sentia um vazio. Pensava: ‘E agora, o que faço?’. Aquelas horinhas pareciam uma eternidade. Como ele não chorou, nem no primeiro dia, via que estava seguro e feliz. Isso foi determinante para eu ficar em paz"
Patrícia Souza, mãe de Matheus, 7 anos
LIDANDO COM O CHORO
Mesmo as crianças que já vão para a escola podem ter uma crise de choro no portão de entrada quando voltam às aulas. Fazer uma readaptação pode ser uma boa estratégia para diminuir a ansiedade. Veja outras dicas:
"No retorno das últimas férias, meu filho chorou. Mostrei o relógio para ele e dizia o lugar em que o ponteiro estaria na hora que voltasse para buscá-lo. Fiz isso durante dias e deu certo".
Manuela Loeser, mãe de Antonio, 3 anos
"A minha filha chorou para entrar na escola por cerca de seis meses. Ela só se acalmava quando as amiguinhas davam a mão para ela e entravam juntas"
Cinthia Lima, mãe de Maria Carolina, 4 anos
"Eu fico com meu filho até ele se acalmar, aí a professora o distrai com algo, ele fica tranquilo e eu dou uma fugidinha discreta sem ele ver".
Erica Medeiros, mãe de Ben, 5 anos
UNIFORME REAPROVEITADO
Além da mensalidade, matrícula e lista de material escolar, o custo do uniforme também pesa no orçamento. Mas é possível economizar e até mesmo não precisar comprar um novo.
"Na escola da minha filha tem a feira de trocas. Levo as peças que não servem e posso pegar a mesma quantidade de roupa do tamanho dela. Tem sempre uniforme em bom estado"
Suzane Rodrigues, mãe de Fernanda, 7 anos
"Compro sempre uma calça e uma camiseta para cada dia da semana. Como elas são lavadas apenas uma vez na semana, conservam mais. As calças que ficam curtas depois viram bermudas"
Patricia Miranda, mãe de Eduardo, 5 anos
"Adquiro peças maiores, faço a barra e vou soltando conforme meu filho vai crescendo. Repito o mesmo processo com o elástico da calça para conseguir usar o uniforme por mais de um ano"
Layla Caeiro, mãe de Bernardo, 4 anos
ECONOMIA COM O MATERIAL
Junto com o início do ano letivo vem a tradicional lista de material escolar. Para conseguir driblar os altos preços é preciso paciência, força de vontade, pesquisa e reaproveitamento que, aliás, faz bem para o bolso e o meio ambiente.
"Tento reutilizar todos os materiais possíveis que minha filha usou no ano anterior. Só depois de ver o que pode ser reaproveitado (tesoura, caderno, lápis) é que saio para comprar os itens que faltaram"
Graziella Ambar, mãe de Helena, 1 ano
"Além de comprar com antecedência, faço uma personalização. Como os itens com figuras de personagens são mais caros, compro cadernos, mochilas e lancheiras coloridos. Colo adesivos e outros detalhes para ficar do jeito que o meu filho quer e, dependendo do que foi usado na customização, dá para reaproveitar no outro ano"
Nayara Ingride, mãe de Heitor, 2 anos
"Todo começo de ano é a mesma loucura e preocupação. Assim que recebo as listas de materiais já entro em contato com as mães para criarmos grupos de troca de livros didáticos para todas economizarem. Este ano, apenas os livros de atividades foram comprados novos, o restante consegui por doações ou vendas por um valor bem inferior"
Laila Valeria, mãe de Isabella, 11 anos, e Victor, 6

LONGE DOS AMIGOS
O que fazer quando o filho não vai estudar mais com os colegas, seja porque mudou de sala ou de escola? Pedir para o coordenador pedagógico ou diretor trocá-lo de turma pode não ser a melhor saída, pois a criança precisa entender que nem sempre terá os amigos por perto. Então, o que fazer?
Mudei meu filho de escola e, no começo, ele resistiu bastante porque não queria ficar longe dos amigos. Mas, depois de muita conversa para explicar que não iria perder as amizades e, sim, ganhar novas, acabei convencendo ele. O melhor é que os amigos da escola antiga frequentam a nossa casa até hoje. No último aniversário dele, reunimos as crianças das duas turmas. Foi muito bacana.
Adriana Meira, mãe de Fellipe, 8 anos
Quando decidi mudar o meu filho de colégio prometi para ele que manteria contato com os amigos da sala. E é isso que faço sempre. Converso com as mães deles para que possam brincar e dormir em casa, marco encontros e passeios. Como meu filho fica seguro que terá sempre os antigos amigos por perto, ele não sofre com isso.
Roberta Iafrate, mãe de João Gabriel, 6 anos, e Bianca, 2
O DRAMA DA LIÇÃO DE CASA
Convencer seu filho a largar a brincadeira para fazer lição pode ser um desafio, ainda mais depois de um longo período de férias. confira como essas três mães lidam com o momento da tarefa:
"Deixava meus filhos fazerem a lição de casa no quarto, mas percebi que estavam se distraindo demais. Agora, estudam na mesa da cozinha comigo sempre por perto. Terminam até mais rápido e as notas melhoraram bastante".
Cristiane Melo, mãe de Mateus, 11 anos, e Débora, 7
"Para que meu filho se concentre na lição de casa, eu me certifico de que ele tenha também tempo livre o suficiente para fazer o que quiser. Depois que o deixei mais solto, passou a adorar fazer lição".
Meury Walker, mãe de Julio, 4 anos
"Separo uma hora todos os dias para que façam a lição. Quando não tem, eles revisam o conteúdo do semestre anterior. Assim, já sabem que diariamente é preciso estudar e não reclamam. Geralmente, fico por perto, para tirar dúvidas".
Michelle Souza, mãe de Alcides, 7 anos, e Samuel, 5
EXTRAS SEM EXAGERO
Mesmo sem querer, muitas famílias acabam matriculando o filho em diversas atividades extracurriculares. o resultado você já sabe: a criança começa a reclamar de cansaço e de que não está dando conta de fazer tudo. Mas, afinal, como buscar um equilíbrio?
"Nós intercalamos atividades físicas com intelectuais como, por exemplo, natação e música, inglês e iniciação esportiva. Também não cobramos resultados das atividades extras, deixamos que ele faça por prazer. Cobrança só nas lições de pré-alfabetização".
Luiz França, pai do Vinícius, 5 anos
"Deixo meu filho ditar o ritmo e dizer o que ele quer. Ele pediu para fazer natação, então, acho que agora é o momento certo para começar. Se ele optar por desistir no futuro, não tem problema. Ele tem que fazer o que gosta".
Fernanda Craviski, mãe de Bernardo, 4 anos
Fontes: Cristiane Almeida Hanashiro, nutricionista da Beneficência Portuguesa (SP), Deborah Moss, neuropsicóloga mestre em psicologia do desenvolvimento pela Universidade de São Paulo (SP), Edith Rubinstein, mestre em Psicologia Educacional pela Universidade São Marcos (SP), Karine Rodrigues Ramos, pesquisadora de Psicologia da Educação na PUC (SP) e orientadora pedagógica de Educação Infantil do Colégio Santa Maria (SP), Luciana Barros de Almeida, presidente da Associação Brasileira de PsicoPedagogia (ABPP), Marina Arnoni, psicóloga do Complexo Hospitalar do hospital Edmundo Vasconcelos (SP), Neusa Unger, especialista em Nutrição Humana Aplicada pelo Instituto Metabolismo e Nutrição (SP), Nívea Fabrício, presidente da Associação Nacional das Dificuldades de Ensino e Aprendizagem (andea), Patrícia Mekler, psicóloga coordenadora do Serviço de Psicologia do Hospital Sepaco (SP) e Silvia Maria Gonçalves, psicóloga do Hospital São Luiz Jabaquara (SP).
Revista Crescer 

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