terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Pesquisadores investigam relação entre infecção do vírus zika e a cobertura vacinal da febre amarela

Regiões com melhor cobertura de vacina de febre amarela parecem ter menos casos de microcefalia ligada ao zika

Quando o assunto é zika vírus, muitas perguntas permanecem em aberto. É justamente por isso que os pesquisadores têm se debruçado sobre diferentes frentes de estudo, com o objetivo de compreender melhor a doença e seus efeitos sobre o bebê em formação dentro do útero.
Uma resposta que os cientistas ainda buscam é o motivo de haver tantos casos de zika e microcefalia no Brasil, em especial na região nordeste do país. Uma das hipóteses investigadas é que as mulheres que foram vacinadas contra a febre amarela em algum momento de suas vidas poderiam estar mais protegidas do zika em comparação com aquelas que não têm essa vacina.
A infecção do zika e da febre amarela são causadas por vírus distintos, mas que pertencem à mesma família e, por isso, têm certas semelhanças. “Pode ser que na mulher que recebeu vacina para febre amarela, o organismo tenha uma reposta imunológica mais rápida quando é infectado pelo zika, de forma que ele não passa para o feto. Essa é a hipótese”, explica o epidemiologista Luciano Pamplona de Goés Cavalcanti, secretário geral da Sociedade Brasileira de Dengue/Arboviroses.
Cavalcanti é um dos autores de um estudo que investigou essa ideia. Com a ajuda de um software de estatística espacial, eles cruzaram dados da cobertura vacinal da febre amarela em todos os municípios brasileiros com os casos confirmados de microcefalia ligada ao zika.
O resultado revelou que parece existir uma relação entre esses dois fatores. Isto é, as áreas do país onde mais mulheres são imunes à febre amarela, há menos casos de microcefalia ligada ao zika. E o contrário também se mostrou válido: nas regiões deficitárias na vacinação de febre amarela (como o estado  de Pernambuco), há mais casos de bebês com microcefalia.
“Esse estudo preliminar mostrou que a hipótese tem plausibilidade. A associação é muito forte. Ainda não podemos dizer que as mulheres vacinadas para febre amarela têm menos risco de ter bebê com microcefalia ligado ao zika, mas é um forte indício”,  conta Cavalcanti. Ele afirma que outro estudo, maior e mais complexo, já foi iniciado para investigar a questão mais a fundo.
Fonte: Revista Crescer

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