sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Seu filho é canhoto ou destro?

Entenda por que algumas crianças têm mais habilidade com a mão esquerda

Abridor de latas, saca-rolhas, torneiras, maçanetas, tesouras – você já tentou usar algum deles com a mão esquerda? Se você é destro, talvez nunca tenha reparado que esses objetos são feitos para usar com a mão direita, o que, para você, é natural. No entanto, para crianças canhotas, coisas simples como recortar uma foto para um trabalho da escola pode ser um problema, pois as lâminas das tesouras comuns não cortam quando utilizadas com a mão esquerda.
O neurologista Fábio Porto, do Hospital das Clínicas de São Paulo, explica que algumas pessoas são destras e outras canhotas porque o nosso cérebro não é igual dos dois lados. “A linguagem fica do lado esquerdo do cérebro enquanto a emoção fica do lado direito”, diz. E isso acontece também com o controle dos movimentos. “Existe uma função, chamada praxia, que é a capacidade de controlar os membros para fazer movimentos finos, que é geralmente exercida pelo hemisfério esquerdo do cérebro.”
Como o lado esquerdo do cérebro controla o lado direito do corpo, na maioria das pessoas a mão que tem maior capacidade de efetuar movimentos finos, como a escrita, é a direita. Esses são os destros. Mas 1 em cada 10 pessoas tem maior habilidade com o lado esquerdo. “O canhotismo é extremamente genético e é mais comum em homens. Nessas pessoas, a função da praxia é exercida pelo lado direito do cérebro ou é bilateral, ou seja, é exercida por ambos hemisférios do cérebro. Aí temos os ambidestros”, diz Fábio.
Como saber se a criança é canhota?

É possível perceber se a criança é canhota já antes da alfabetização. Para comer ou desenhar a criança naturalmente escolhe a mão com a qual tem maior segurança. Quando começam a escrever, descobrem qual é o lado mais habilidoso. Tem crianças que são canhotas extremas, que é quando só o lado esquerdo faz movimentos finos, e tem crianças que são ambidestras, pois ambos hemisférios cerebrais controlam pés e mãos.
Alguns canhotos escrevem com a mão esquerda, mas chutam com o pé direito, por exemplo. Isso acontece porque os canhotos têm conexões cerebrais um pouco diferente da dos destros. “As pessoas que são canhotas são mais bilaterais do que as destras. Existem áreas dos dois lados do cérebro responsáveis pela mesma função”, diz Fábio.
Diferenças entre destros e canhotos

A região da praxia é próxima da região responsável pela linguagem, localizada geralmente do lado esquerdo do cérebro. Grande parte dos canhotos, cerca de 30%, tem a linguagem junto com a praxia, também do lado direito do cérebro. Nos destros a porcentagem de pessoas com a linguagem controlada pelo lado direito do cérebro é de apenas 5%.
Pessoas que têm a linguagem do lado direito têm incidência um pouco maior de problemas de aprendizado - como dislexia - do que aquelas em que a linguagem é controlada pelo lado esquerdo. “Isso não significa que todo canhoto seja dislexo, longe disso. Mas a chance de acontecer é um pouco maior do que nos destros”, diz Fábio. “Por outro lado, se essas pessoas têm uma lesão no cérebro, a recuperação é melhor por conta da bilateralidade.”
O hemisfério direito do cérebro também controla nossa noção de espaço. Assim, os canhotos são ligeiramente mais rápidos e precisos em seus movimentos do que os destros. Isso pode explicar porque muitos campeões de tênis, como Thomas Koch, John McEnroe, Martina Navratilova e Jimmy Connors, seguram a raquete com a mão esquerda.
Adaptação
No passado os canhotos sofreram muito preconceito por questões religiosas e culturais. Mas, hoje, já não é mais comum que as crianças canhotas sejam obrigadas a usar a mão direita e alguns objetos do dia a dia têm ganhado versões para canhotos. A pioneira em produzir objetos para esse público foi uma fábrica finlandesa que, em 1954, desenvolveu tesouras canhotas, ou seja, com as laminas invertidas. As carteiras escolares também estão adaptadas para quem escreve com a mão esquerda e, apesar de não serem muito comuns, há abridores de lata que cortam no sentido inverso dos modelos comuns. Ainda bem!
Fonte: Revista Crescer

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