quarta-feira, 4 de março de 2015

Bebês sob o sol



Tudo o que você precisa saber para garantir a proteção da pele do seu filho nos passeios ao ar livre

Vai dar uma voltinha com o seu filho? Seja na praia, no parque ou na rua, todo cuidado é pouco quando a pele dos pequenos é exposta ao sol. “No caso dos bebês, ela é mais fina e imatura se comparada a de um adulto, o que a torna mais frágil também”, alerta o dermatologista Dolival Lobão, chefe do Serviço de Dermatologia do Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro. Os riscos mais comuns são conhecidos: queimaduras, insolação e, por consequência, desidratação. Mas o problema maior ocorre em longo prazo, já que os efeitos da radiação solar são cumulativos. “Os raios ultravioleta A e B são responsáveis, respectivamente, por manchas e envelhecimento e pelo câncer de pele”, explica. O primeiro tipo (UVA) é constante ao longo do dia, segundo o especialista, enquanto o segundo (UVB) torna-se mais intenso aproximadamente às 12h. Somado a isso, há outro agravante: a Academia Americana de Dermatologia estima que 80% da radiação solar que recebemos na vida ocorre até os 18 anos de idade. “Faz sentido, pois se trata do período em que temos mais tempo para ficar ao ar livre”, diz Magda Exposito, dermatologista do Hospital Santa Catarina (HSC), em São Paulo.

O que não significa, é claro, que as crianças têm de permanecer à sombra até a adolescência. Pelo contrário: o organismo precisa da luz do sol para fazer a síntese da vitamina D. Como, então, aproveitá-lo com segurança, principalmente em um país tropical como o Brasil, onde ele brilha o ano todo?

Vamos começar pelo básico: protetor solar. O uso do produto em crianças é liberado pelos pediatras a partir dos seis meses de idade – antes disso, há risco de alergia e irritação. Por isso, nos primeiros meses de vida, a exposição tem de ser restrita aos "banhos de sol" pela manhã (veja quadro). Após essa fase, vai aumentar naturalmente, já que a criança começa a brincar no parque, ir à praia e à piscina, entre outras atividades fora de casa. “Até os 2 anos, o ideal é optar pelos filtros solares físicos (em forma de creme). Eles são espessos e, por isso, criam uma barreira na pele, com o intuito de refletir o raio”, afirma Magda. O protetor solar deve ter fator de proteção solar (FPS) 30, no mínimo, e ser aplicado trinta minutos antes da exposição ao sol. "Além disso, convém reaplicá-lo a cada duas horas ou toda vez que a criança se molhar ou suar, caso a família esteja na praia, por exemplo", diz. Orelhas, pés e joelhos costumam ser esquecidos, atenção!

O melhor horário para passear ao ar livre é antes das 10h e após 16h, quando há menos incidência dos raios UVB. Na praia e na piscina, é fundamental também colocar chapéu ou boné e óculos de sol nas crianças. Outra dica são as roupas com foto protetores. Mesmo com todos esses cuidados, a dermatologista ressalta que, por conta da fragilidade da pele das crianças, não dá para bobear. Fora do período recomendado, portanto, o jeito é convencer o seu filho de brincar à sombra.

Queimou demais?

Pele vermelha e quente é sinal de queimadura de primeiro grau. Nesse caso, ofereça bastante líquido à criança: é preciso reforçar a hidratação via oral, já que perdemos água pela transpiração por causa do aumento da temperatura corporal. Se a criança reclamar de dor, nada de aplicar qualquer substância (creme dental, álcool, etc.) sem orientação médica. Há produtos específicos, como hidratantes e pomadas, que regeneram a pele e a aliviam. Converse com o pediatra da criança.

Bolhas indicam queimaduras de segundo grau, que podem atingir além da camada superficial da pele. Convém procurar um especialista para analisar a gravidade e indicar o tratamento adequado. No caso dos menores de 1 ano, as queimaduras solares são mais graves, principalmente porque eles podem desidratar com rapidez. Por isso, a recomendação é procurar ajuda médica o quanto antes.
Tomar ou não banho de sol?

A vitamina D, fundamental para a absorção do cálcio pelo organismo e, por consequência, para o crescimento, é obtida por meio dos alimentos, mas também indiretamente pelo sol. Funciona assim: ao penetrar na pele, os raios UVB transformam um tipo de molécula presente no organismo em uma substância chamada de pré-vitamina D. Ao passar, então, pelo fígado e rins, ela é finalmente sintetizada. Daí a tradicional recomendação para que os bebês tomem um “banho de sol” todas as manhãs (antes das 10h) a fim de evitar doenças como o raquitismo.

Nos últimos anos, entretanto, por conta das inúmeras descobertas em relação aos malefícios causados pela exposição prolongada ao sol, o tema se tornou controverso. “A recomendação atual é de que o banho de sol dos bebês seja de cinco a dez minutos, no máximo, de duas a três vezes por semana, com apenas os braços e pernas descobertos”, afirma a dermatologista pediátrica Kerstin Abagge, presidente do Departamento de Dermatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Até porque, de acordo com a especialista, a indicação de suplementos de vitamina D até os 18 meses de vida é praxe entre os pediatras brasileiros, o que garante a ingestão do nutriente nesse período em que o contato direto com o sol deve ser evitado.

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